Pedi pra você ficar só mais um pouquinho, e você ficou. Mas
ao invés de ser feliz eu voei, voei pra longe porque tudo em mim doía, e por
mais que você tenha ficado. você não era meu.
Nossas conversas divertidas na madrugada foram se esvanecendo, procuro
todas as lembranças de você cantando “Telegrama” baixinho, só pra eu ouvir.
Lembro-me vagamente do seu toque, da sua barba rala me
fazendo cócegas quando me contava qualquer lorota ao pé do meu ouvido. Procuro ainda
na minha memoria, se era verdade ou mentira, que minhas mãos eram quase do
tamanho das suas, e que nos encaixávamos bem.
Fecho os olhos por um instante e tento lembrar o que você
tinha que me causou tanto fogo... Eu não lembro, mas o fogo continua aqui. Virando a esquina talvez eu passe por você,
mas não te reconheça mais... Aquele seu jeito cinestésico de chamar atenção, de
não se importar com quem quer que nos olhe.
Embora não lembre a sua voz, lembro-me das vezes que você
disse “foda-se” com os dentes trincados para tudo que não fosse eu e você. Lembro-me vagamente do seu olhar de predador do
qual eu não conseguia desviar, um olhar que fazia minha pele inflamar.
Ando perdida, sofro de amnésia parcial... Amnésia que me permite
te esquecer. Permite esquecer a mim também, esquecer o que você me causou,
amnésia que me permitiu apagar seu contato, seus áudios no meu celular, sua
diversão. Amnésia que me permitiram esquecer as marcas que ficaram desse amor efêmero.
Eu esqueci, não lembro se foi em setembro, julho, maio ou
dezembro... porque essa amnésia me permitiu me lavar da culpa de ter querido alguém
que nunca foi, nem nunca será meu. Porque seja lá quem foi dos céus que o levou
ou o escondeu, esqueci.
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